CULTURA
Foto: Aluísio de Souza
Árvore centenária foi eternizada em naquim pelo artista Wagner de Castro
Texto e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com
20/09/2023
A árvore de Santa Bárbara é um dos principais bens tombados de Passos, sendo sempre necessário lembrar de sua preservação nesta semana, quando se comemora o Dia da Árvore nesta quinta-feira, 21 de setembro. O que muita gente não sabe é que existe uma obra preciosa deste patrimônio ambiental desenhada em nanquim pelo artista plástico Wagner de Castro (1917-2015) no Palácio da Cultura de Passos.
O desenho fica na sala de atendimentos do Palácio da Cultura, no centro da cidade. O artista Wagner de Castro, que doou um acervo de cerca de 60 telas para o município de Passos, desenhou a árvore em maio de 1999, optando pelo nanquim, que ele costumava usar nas aulas de pintura na Casa da Cultura. A obra é colorida em tons pastéis e mostra toda a grandiosidade da árvore de Santa Bárbara.
Como era costume, o artista deu um tratamento bem pessoal à árvore, usando principalmente os tons verdes, marrons, amarelos e brancos, numa composição harmônica e pequenas pinceladas pictóricas. Ao fundo, um casarão antigo, numa época da Passos antiga, pois as ruas da cidade foram retratadas sem asfalto.
Apesar das dimensões pequenas, o desenho tem grande valor cultural para a cidade, pois une o trabalho autêntico de Wagner de Castro e a árvore tombada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Passos, sendo reconhecida pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) desde 2007.
Assinatura do artista está quase ao centro do desenho; à esquerda, ele escreveu: "Árvore Centenária no antigo Largo de Santa Bárbara"
Longevidade
Longeva, a árvore tem importância histórica, pois acredita-se que ela exista desde o início do povoamento na região, no século 19, e antes mesmo de Passos se tornar cidade em 1858, como informam dados no inventário de tombamento do bem. É um exemplar de óleo de copaíba com uma altura de cerca de 12m, equivalente a um prédio de três andares, no máximo.
É defendido que a árvore nasceu naturalmente e o município foi se urbanizando à sua volta, ficando hoje na Praça da Saudade, na ponta contrária à frente do Cemitério Municipal. Leia mais aqui sobre a árvore centenária.
Árvore centenária de Santa Bárbara é bem tombado desde 2007, sendo reconhecida pelo Iepha/MG
Já o artista plástico Wagner de Castro é natural de Franca, estudou artes em São Paulo, onde participou de várias exposições, e chegou a Passos no final da década de 1930, após apaixonar-se pela cidade. Aqui, desenvolveu sua grande obra, pela qual retratou nas telas conceitos do espiritismo, doutrina decodificada por Allan Kardec (1804-1869) e muito propagada por Chico Xavier (1910-2002) no Brasil.
Críticos o enquadraram no Surrealismo, mas ele mesmo não se filiava a nenhuma escola artística e sempre pensou que nome daria à sua arte simbólica. É considerado um dos poucos representantes deste tipo de arte no mundo, sendo sua obra de valor inestimável pela importância artística e cultural.
Na década de 1980, o artista doou todo o seu acervo, cerca de 60 telas, ao município de Passos, que estão acomodadas em duas salas na Casa da Cultura, abertas à visitação pública. Wagner de Castro também deu aulas de pintura e seu ateliê permanece intacto até hoje, também na Casa da Cultura de Passos.
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