HISTÓRIA

Árvore de Santa Bárbara: bem precioso de Passos
Reportagem e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com
21/09/2022
Neste 21 de setembro, quando se comemora o Dia da Árvore, o Noticiar.net resgata um dos bens mais preciosos de Passos: a centenária Árvore de Santa Bárbara, que fica na praça da Saudade e completa 15 anos de tombamento em 2022. Mais antiga que a própria cidade, o exemplar de óleo de copaíba é testemunha da história passense desde que iniciou o seu povoamento nas primeiras décadas do século 19.
Num momento em que as questões ambientais são discutidas em nível global, a preservação da Árvore de Santa Bárbara deve ser tema prioritário em todos os setores locais. Historicamente, a árvore é muito importante para a sociedade passense, já que remonta à fundação do município. Quem for visitá-la hoje, verá as folhas um pouco secas devido ao final do outono-inverno, mas sua exuberância e imponência continuam vivas mesmo com sua longevidade.
Referências a ela são comuns em artigos e documentos oficiais da cidade, além de servir de cenário para grandes solenidades nos séculos 19 e 20. Passando por várias gerações, a bela árvore ganhou o respeito e amor dos passenses e de artistas que já a pintaram em suas telas, como o artista plástico Wagner de Castro (1917-2015), que fez um desenho em nanquim em tons pastéis em 1999.
Desde 2007, é um bem tombado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Passos, sendo reconhecido pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Longeva, não há pesquisas para comprovar a verdadeira idade da árvore, mas calcula-se que seja superior a 165 anos, como indicam informações no inventário de tombamento.

Desenho da Árvore de Santa Bárbara do artista Wagner de Castro, datada de maio de 1999; obra está no Palácio da Cultura
Não há documentos oficiais de quando e quem realmente plantou a árvore, mas é defendido que nasceu naturalmente onde hoje se encontra. Ao longo dos anos, o município foi se urbanizando e à sua volta, foi construída a Praça da Saudade, em frente ao Cemitério Municipal.
A sua conservação foi constante entre os moradores de Passos. Em 1975, o Decreto Municipal n° 222, do prefeito Elzo Calixto Mattar (1928-1977), deu imunidade de corte à árvore devido ao seu sentido histórico, porte e expressão urbanística, mostrando certa preocupação com seu tombamento.

Copa da Árvore de Santa Bárbara, que está em bom estado, mas merece atenção num momento de preservação ambiental
Em 1999, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural reconheceu o Decreto. Entretanto, o processo de tombamento definitivo só ocorreu em abril de 2007, com o novo Decreto Municipal n° 994, do prefeito Ataíde Vilela. Como forma de preservação em relação ao desnível da rua, um anteparo de concreto foi construído ao pé da árvore.
Nome científico
A árvore está em bom estado de conservação, com tronco e galhos sólidos que dão exuberância à grande arquitetura de sua copa. Cientificamente, seu nome é Copaífera langsdorffii Desf e pertence à família Caesalpinioideae.
É popularmente conhecida como bálsamo, copaíba, copaibeira, pau-de-óleo e, ainda, óleo-de-copaíba, recebendo outras denominações. O termo copaíba e copaibeira vem do tupi kupa’iwa. Já pau-de-óleo é uma referência ao óleo extraído do caule, que possui eficácia comprovada de ser bactericida e anti-inflamatória, pelo uso experimental em comunidades nativas da Amazônia.
Suas flores são brancas, enquanto a madeira é vermelha quando jovem e marrom, quando senil. A árvore também dá frutos em forma de vagem seca, contendo uma semente. Pode atingir de 5m a 15m de altura e cerca de 4m de diâmetro de tronco, com ocorrência na Argentina, Bolívia, Paraguai e na maioria dos Estados brasileiros. Além disso, é abrigo de muitas espéceis de pássaros que, com sorte, podem ser vistos em seus longos galhos.
Órgãos oficiais não informam altura correta da árvore de Santa Bárbara. Estima-se que o exemplar passense tenha cerca de 10m a 12m, o equivalente a um prédio de três andares, no máximo.
Capa de livro
A Árvore de Santa Bárbara é uma das ilustrações na capa do livro História de Passos (1969), do historiador Washington Noronha, que é a primeira obra a levantar historicamente os fatos da cidade. O autor Noronha tinha grande apreço pela árvore e publicou uma foto ao lado dela, junto a um cruzeiro, nas primeiras páginas do livro.

Árvore de Santa Bárbara (acima à direita) na capa do livro História de Passos, que pode ser emprestado na Biblioteca Municipal

Página do livro com foto do historiador Noronha ao lado da Árvore de Santa Bárbara
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