TURISMO
A natureza preservada
do Paraíso Perdido
Reportagem e fotos: Keuly Vianney
Webdesign: Hanna Texeira
06/11/2019
Imagine um paraíso natural e bem preservado num dos Estados mais belos do Brasil. Pois ele existe: é o Paraíso Perdido, um lindo e famoso complexo de cachoeiras no Sudoeste de Minas Gerais, próximo aos principais roteiros do ecoturismo nacional, como a Serra da Canastra.
Com fauna e flora bem ricas, o local é um verdadeiro paraíso onde você encontra quedas d’água, piscinas naturais, paredões, cânions, poços, grutas e caminhos de pedra, que são um convite a curtir o que a natureza, em sua mais primária condição, tem a oferecer a quem gosta de passear em meio à Mata Atlântica e o Cerrado (veja Galeria acima e clique na foto para ler a legenda).
LOCALIZAÇÃO
O Paraíso Perdido fica na cidade de São João Batista do Glória, mas é bem próximo das cidades de Passos, de São José da Barra, onde fica a Hidrelétrica de Furnas, e Capitólio. A propriedade possui 56 mil m², sendo que somente em 10 mil m² se estabeleceu a infraestrutura e área de visita.
O Paraíso Perdido é uma área particular, mas o proprietário, Hebert Mendonça, de Passos, abre o complexo para visitantes, desde que eles desfrutem do local visando a preservação ambiental, bem como a infraestrutura montada no local para recebê-los com segurança (leia texto abaixo).
Além do contato direto com a natureza, você se encanta com lindas paisagens e água pura e cristalina vinda do Ribeirão Quebra Anzol, que corta toda a área e deságua no Rio Grande, conhecido como o Mar de Minas. Isso combinado às pedras, em sua maioria, de quartzito branco, as quais norteiam o seu caminho ao conhecer o local.
Área de pedras é o primeiro contato do visitante com água das cachoeiras do complexo
Área de visita
Na área de visita propriamente dita, delimitada por placas de sinalização, o primeiro contato do visitante é com uma grande área de pedras. Em alguns pontos, há um pezinho vermelho e setas que servem de referência para que as pessoas se desloquem com mais segurança.
Se você seguir para qualquer um dos lados, encontrará belas paisagens. Mas é indo para a esquerda que você se depara com uma grande piscina natural, que recebe as águas frias vindas das cachoeiras acima dela.
Ali, o passeio começa de verdade pois dá acesso aos cânions, com o barulho mais intenso das quedas d’água, a vista dos paredões e das lindas pedras, que deixam as águas coloridas dependendo da incidência solar – ora azuis, verdes ou amareladas.
Quanto mais se sobe, mais você descobre os paredões, as piscinas naturais e as belezas únicas do local. Mais uma vez, os pezinhos vermelhos e as setas estão lá, ajudando as pessoas se deslocarem nas pedras. A subida não é complicada, mas pode tornar-se um pouco difícil para quem possui dificuldade de locomoção.
ORIGEM DO NOME
Conforme o proprietário Hebert Mendonça, o nome Paraíso Perdido foi dado na década de 1960 por dois motociclistas de Ribeirão Preto (SP), que visitavam a região. Cansados e com fome, se embrenharam na mata e descobriram as cachoeiras. Ao contarem a história aos amigos na cidade paulista, um deles falou que o local era um verdadeiro "paraíso". O outro emendou: “mas é perdido”.
Visando maior segurança para os visitantes, correntes de ferro foram instaladas nos paredões a fim de facilitar o deslocamento. Tome cuidado com as pedras escorregadias, que são comuns na área. Conforme se sobe, você pode parar, sentir as pedras, se banhar nas piscinas naturais e poços com mais de 10m de profundidade.
Uma brincadeira comum das crianças e adultos é escorregar de bunda nas pedras e cair diretamente nas piscinas naturais. Outros visitantes são mais radicais e usam os vãos e falhas naturais dos paredões como trampolim, saltando diretamente nas águas mais fundas.
Para quem é menos aventureiro, há piscininhas rasas, onde dá para ver perfeitamente as pedras e peixinhos nadando. Se você tiver sorte, alguns podem até mordiscar levemente seus pés.
A caminhada prossegue nas pedras com as águas frias batendo nas pernas. Dois lugares, em especial, merecem ser visitados: o Poço da Gruta, que se chega andando por cerca de 10 minutos, e mais à frente , o Poço da Juventude que, dizem, dão mais 10 anos de vida a quem se banhar nele.
Água cristalina dá para ver peixinhos nadando; com sorte, eles podem mordiscar seus pés
A volta também proporciona novas experiências, com pontos não observados na primeira passagem.
Dependendo do ângulo, você consegue ver uma piscina natural de borda infinita, cores diferenciadas com o reflexo do sol nas águas e como elas correm nas pedras de vários formatos e tamanhos. Ou seja, um verdadeiro paraíso em terras mineiras.
Nos últimos anos, tornou-se uma das cachoeiras mais conhecidas e visitadas da região por reunir todas essas maravilhas da natureza que o turista busca ao estar num local como este paraíso, não tão mais perdido.
Piscina de borda infinita natural e cor variada das águas são boas surpresas no Paraíso Perdido
Preservação mantém patrimônio intacto
Todo esse patrimônio, no entanto, só conseguiu manter-se intacto devido às ações do proprietário, o engenheiro Hebert Mendonça, que sempre atuou no turismo regional. Ele adquiriu o Paraíso Perdido em 1996 e, desde então, mantém atividades de preservação ambiental (veja vídeo ao lado).
De acordo com Hebert, todo esse sistema deve ter sido formado há 700 milhões de anos. O local possui boa infraestrutura para receber os visitantes, com estacionamento, camping para 30 barracas, restaurante e uma grande área verde que delimita a entrada no complexo de cachoeiras e pedras. Também é dotado de sanitários e chuveiros com água quente.
Ali, debaixo de árvores, há pias, mesas e bancos de alvenaria para fazer piqueniques, churrasco ou um lanche rápido para voltar aos passeios. Além do camping, o lugar possui cinco barracas de alvenaria simples, mas confortáveis, com duas camas de solteiro em cada uma delas.
Nesta área, a preocupação ambiental de Hebert e os cuidados a serem tomados nas cachoeiras são bem evidentes com os avisos nas placas espalhadas pela área de circulação do Paraíso Perdido.
O local possui guias próprios para auxiliar os visitantes e informar sobre o complexo, principalmente sobre os riscos de tromba d’água. Mas outros guias com grupo de turistas são bem-vindos.
Alvenaria (acima), barracas no camping e placas de sinalização estão na área da infraestrutura
SERVIÇO
Onde: Paraíso Perdido (MG). Entrada principal pela rodovia MG-050, sentido Passos-Belo Horizonte, entre os km 321 e 322. De carro, fica a 31,5km saindo de Passos (entrada à esquerda) e mais 4,6km de estrada de terra em bom estado. Por ônibus, o acesso mais próximo é na rodoviária de Furnas, em São José da Barra, a 14km do complexo
Horário de Visitação: 8h às 18h todos os dias da semana. Camping: das 18h às 8h
Valores: para passar o dia, R$ 40,00/pessoa e crianças até 12 anos não pagam, se acompanhadas dos responsáveis. Consulte o site www.paraisoperdido.com.br para reservas e outras informações, incluindo pernoite
O que pode levar: roupa de banho, protetor solar e alimentos (é permitido levar comida e bebida para consumo próprio, com exceção de bebida alcoólica e garrafas de vidro). Para entrar na área de visita, é aconselhável usar chinelos de borracha ou tênis. São aconselhados colete-salva-vidas e boias