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MÚSICA

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Paróquia de Passos mantém tradição musical na Quaresma

Reportagem e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com

18/03/2023 

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Todas as sextas-feiras da Quaresma, exatamente às 5h da madrugada, é comum moradores de alguns bairros de Passos ouvirem uma música famosa, instrumental e tocada na corneta que remete à consternação e melancolia. Trata-se da canção "Toque do Silêncio", uma tradição mantida pela Paróquia de São Benedito há mais de 40 anos. 
 

A música Toque do Silêncio, também conhecida como Taps, tornou-se uma canção popular no mundo todo e muitas são as versões e fake news circulantes na rede sobre sua autoria. Isso levou o site de checagem Boatos.org ir atrás das informações verdadeiras sobre a composição. O fato é que, em Passos, a música é tocada durante toda a Quaresma no bairro São Benedito, sendo ouvida também em outras localizações, como o Centro e Santa Luzia. 

A música, com duração de apenas 3 minutos e 6 segundos, é tocada às 5h para despertar os fiéis para a via sacra das 5h30, tempo de oração e penitência durante a Quaresma, como explica o sacristão da Matriz do São Benedito, Antonio Rodrigues da Silva,  que atua na paróquia há 12 anos. Ele diz que a tradição de tocar a música no período que antecede a Semana Santa deve ter sido trazida pelas Missões que passaram em Passos no final da década de 1970. 
 

"Não sabemos qual pessoa ou religioso indicou a canção. A paróquia manteve a tradição nos anos seguintes, tanto é que a música era tocada todos os dias na Semana das Dores, que antecede a Semana Santa. Depois, ficou só na sexta-feira da Quaresma",  conta o sacristão, que lembra da música desde que é paroquiano nos anos 1980. 

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Sacristão Antonio com o CD da música Toque do Silêncio, que toca às 5h na Igreja São Benedito 

Há mais de 2 anos, a Matriz do São Benedito está em reforma estrutural e as celebrações e atividades religiosas acontecem, provisoriamente, no Centro de Pastoral Cônego José Timóteo. Devido à pandemia, a tradição havia sido interrompida por 3 anos, mas em 2023 a música voltou a ser executada na paróquia durante a Quaresma. 


Desde a primeira sexta-feira após o Carnaval, o Toque do Silêncio é ouvido por meio de alto-falantes instalados numa construção de cerca de 10m de altura atrás da Pastoral. O sacristão não soube informar o real alcance do som nos bairros da cidade, mas tem confirmação de moradores que ouvem a canção no Santa Luzia. 

Alto-falantes no Centro de Pastoral do São Benedito ajudam na propagação do som

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"Resgatar a música neste ano foi um pedido do próprio pároco do São Benedito, Gentil Lopes de Campos. Muitas pessoas gostam do Toque do Silêncio, pois traz saudosismo, remete à reflexão e contemplação da Quaresma e da Semana Santa. Mas, já ouvi reclamações de que a música atrapalha o sono por tocar às 5h", diz o sacristão, que é responsável pela aparelhagem de som que faz a canção ser executada toda sexta-feira. 

Versões
Existem várias versões da instrumental Toque do Silêncio, sendo que a música já foi executada por artistas do mundo todo. O músico e compositor italiano Nini Rosso (1926-1994) eternizou a canção com seu trompete. Ele foi um grande trompetista de jazz, mas com "Il Silenzio" vendeu mais de 5 milhões de cópias na década de 1960. 

 

Uma bela execução do Toque de Silêncio é na produção do violinista André Rieu, conhecido por comandar espetáculos de canções clássicas populares e fortemente ancoradas na memória popular. 


Veja reprodução abaixo do canal Devoto Fides de uma versão clássica de Toque do Silêncio, que já teve mais de 1,8 milhão de reproduções.  

História
Muitas são as histórias melodramáticas para a origem de "Toque do Silêncio", pois a música introspectiva desperta curiosidade. A que mais circula na rede é a triste versão do capitão que perdeu seu filho na guerra, a qual já foi desmentida pelo site Boatos.org (leia verificação completa aqui). 


Conforme o Boatos.org, na verdade a canção surgiu após o general Daniel Butterfield, do exército americano, se sentir incomodado com os disparos de fuzis e o som de um clarim francês tocado nos funerais de soldados mortos após as batalhas. 

Em julho de 1862, ele decidiu recriar uma melodia, alterando algumas notas e tocando com uma corneta, criando a bela canção conhecida hoje como Taps.  


Depois, a canção, tal como é executada hoje, começou a ser tocada em cerimônias de homenagens a militares mortos nas forças da União e Confederação dos Estados Unidos. Também é compreendida como o sinal de "apagar das luzes" no fim do dia pelos militares norte-americanos.

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