TEATRO



Grupo Coliseum de Passos: 25 anos de teatro e muito riso
Reportagem: Keuly Vianney
Fotos: Nilo Machado
n.noticiar@gmail.com
26/06/2023

Um dos mais longevos grupos de teatro de Passos e do Sul de Minas completa 25 anos em 2023. O Grupo Coliseum fez bodas de prata em maio em plena atividade e com apresentação do clássico "Auto da Compadecida", uma montagem produzida com recursos da Lei de Incentivo à Cultura, do governo federal, que vem percorrendo os bairros da cidade desde o mês passado. Nestas duas décadas e meia, a cia teatral da família Silva já fez muitas pessoas rirem e soltarem gargalhadas de suas comédias em cidades de Minas Gerais, São Paulo e até no exterior.
Popular, o Grupo Coliseum, liderado pelos irmãos Eduardo, Paulo César e Pedro Silva, sempre com o apoio dos pais Roberto e Mirinha Silva, não coleciona somente muitas comédias, mas também reconhecimento e prêmios. E vários perrengues também. Afinal, o início não foi fácil, pois o grupo chegou a ser desacreditado e criticado por colegas do meio teatral da cidade.

Família Silva: Roberto e Mirinha em pé e os filhos (à esquerda) Pedro, Edu e PC Silva / Divulgação
NÚMEROS E CURIOSIDADES DO GRUPO COLISEUM NESTES 25 ANOS DE TEATRO
* 25 peças produzidas + 5 stand ups comedy
* + de 80 mil pessoas já assistiram as peças do grupo
* + de 420 horas de palco e + de 4 mil horas de ensaio
* + de 300 atores já trabalharam com o grupo
* + de 100 cidades visitadas entre Minas Gerais e São Paulo

Entretanto, o talento, a vontade e a persistência de fazer o que os três irmãos Silva sempre gostaram, que era estar no palco, ajudaram a superar os desafios ao longo do tempo. Atualmente, o grupo se sente mais profissional e amadurecido na comparação com o início dessa história.
"Hoje, somos um grupo de teatro independente produzindo comédia pura e simples devido ao nosso estudo teórico, de técnica, de linguagem, mas sem perder nossa essência. Ao contrário do início há 25 anos, quando fazíamos comédia besteirol", explica Edu Silva.
Ele lembra que o estilo besteirol ajudou a marcar a identidade e dar fama ao grupo, pois conquistou um público cativo que os fez prosseguirem na jornada artística. "Naquela época, tivemos muita influência de autores e humorísticos da televisão brasileira e do cinema americano, como Miguel Falabela, Mauro Rasi, dos programas TV Pirata, Chico Anysio e Os Trapalhões, produzindo e improvisando as peças. Depois, nos profissionalizamos e hoje temos uma visão mais madura da comédia que produzimos", dizem os irmãos.
Se antes o grupo produziu besteirol, hoje priorizam comédias mais apuradas, como no caso de "Viúva, porém honesta", do grande dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), e do Auto da Compadecida, escrita por Ariano Suassuna (1927-2014) na década de 1950, mas que é bem atual e já foi produzida por grandes nomes do humor nacional no teatro, cinema e na televisão.

Auto da Compadecida, produzido duas vezes: uma em 2013 e a segunda em 2023, é considerada a mais assistida do grupo, com quatro temporadas e 50 apresentações até o momento. A primeira montagem seguiu a original de Suassuna, enquanto a segunda é uma releitura com apoio da Lei Rouanet, direção de Carlos Jorge Ribeiro e encenada nas ruas. Em Passos, contou com parceria da Prefeitura de Passos
Realizada junto com o Instituto Antônia Maria, a montagem foi selecionada para captar recursos pela Lei Rounet ano passado e a temporada completa de 2023 será em 10 cidades, estreando em Passos na comemoração aos 165 anos da cidade em maio. Nos próximos meses, há apresentações agendadas em Goiânia e Pirenópolis (GO), São Paulo, Ribeirão Preto e Franca (SP).
"Além de atuarmos, temos a vantagem de cada um de nós trabalhar nas áreas diferentes da produção de um espetáculo. O Edu prepara os roteiros porque tem facilidade para escrever. O Pedrinho é responsável pela atuação e o PC é artista plástico, fazendo os efeitos especiais, figurino e cenário", contam os irmãos.
Mesmo que já tenha atuado com um grande número de atores - no início, uma das peças chegou a somar 30 pessoas no palco -, atualmente o Coliseum trabalha mais enxuto com 16 integrantes, sendo 12 atores, um maestro, 2 contra-regras e um diretor.
"As pessoas gostam do nosso trabalho porque nosso teatro é popular com uma linguagem que o povo gosta de ouvir. Nossa missão é levar bom humor para que as pessoas possam rir e se divertir. O povo brasileiro gosta e precisa de humor", considera Edu Silva.
Série Lorenzett (2004), que rendeu quatro peças: Origem, Casamento, Sequestro e O filho, é considerada a de maior sucesso e a mais conhecida do grupo

Três é demais (2014) foi apresentada em Portugal em 2012, pelos irmãos Pedro, Edu e PC, em três cidades: Lisboa, Reguengos de Monsaraz e Campinhos
Vontade e sonho
E pensar que tudo começou com a vontade dos irmãos adolescentes Edu e PC Silva de replicarem as comédias que viam na televisão e no cinema. Na época, a produção era mais complicada, pois não havia algumas facilidades tecnológicas atuais. Então, vislumbraram suas ideias no palco do teatro. Ali, nas ruas do bairro Santa Luzia iniciaram o sonho.
No entanto, o grupo não seria o que é hoje sem o apoio incondicional dos pais, Roberto e Mirinha Silva, os quais sempre investiram no talento dos filhos. Tudo começou despretensiosamente, em 1998, quando os irmãos Edu e Paulo César montaram a comédia "A louca história dos vampiros", uma sátira baseada na onda vampiresca dos cinemas americanos dos anos 1990.
Apesar das dificuldades, a comédia lotou o Teatro Rotary e ganhou prêmios em festivais mineiros, ajudando a dar o pontapé na carreira do grupo. Depois, eles produziram mais peças que caíram na graça da população passense e de outras cidades onde se apresentaram.
Com a passagem do tempo, o grupo buscou profissionalização na área. Atualmente, Edu Silva dá aulas de teatro para a Prefeitura de Franca (SP), dentro do projeto municipal Bolsa Cultura. Ele também já fez trabalhos individuais, como o Festival do Improviso em Campinas, São Paulo e Paulínia (SP), atuando ao lado de Nany People, Sérgio Malandro e Allan Benatti, da cia Barbichas.
A Louca História dos Vampiros (1998): primeira montagem do grupo, com o maior elenco até hoje de 30 pessoas. Também foi a mais premiada, com seis prêmios ganhos nos Festivais de Teatro de Contagem e de Conselheiro Lafaiete (melhor comunicação com o público, cenário, figurino, voto popular, dois melhores atores coadjuvantes com Hudson Ribeiro e Pedro Silva)

Já Pedro Silva dá aulas de teatro em Passos e foi secretário de cultura de Passos entre 2021 e 2022, enquanto Paulo César é artista plástico e ministras aulas para entidades assistenciais de Passos.
E o nome do grupo, como surgiu? Coliseum foi uma escolha dos irmãos Edu e PC Silva, que viam o monumento romano como uma das maravilhas do mundo que persistiu por um longo tempo. Vida longa também ao Grupo Coliseum de Passos!
O Mágico de Oz (2019) foi o primeiro projeto selecionado pela Lei Rouanet com apresentação em seis cidades. Com a pandemia, a peça foi apresentada ao vivo e online. Outra montagem infantil foi A Bela e a Fera (2019)

Paixão de Cristo (2023), exibida em Passos, é o único espetáculo de drama produzido pelo grupo nesses 25 anos de teatro


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