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CURIOSIDADES

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Finados: túmulo da Altina, o mais visitado no Cemitério de Passos

Reportagem e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com
02/11/2023

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Mesmo depois de 73 anos após o bárbaro  assassinato de Claredina Bernardes, conhecida como Altina (1913-1950), o túmulo dela continua sendo o mais visitado no Cemitério de Passos, no Sudoeste de Minas. Ela se transformou numa espécie de milagreira, despertando a simpatia de muitas pessoas da cidade e região, pois algumas afirmam ter alcançado graças por intermédio da dona de casa, além da curiosidade sobre sua história.


O fato de ter sido assassinada brutalmente aos 37 anos criou um certo misticismo e comoção que perduram até nos dias de hoje. Por isso, o túmulo de Altina é motivo de atenção para quem visita o Cemitério de Passos no Dia de Finados. No jazigo, onde se construiu uma pequena capela e velário, as pessoas depositam vários objetos fazendo pedido ou agradecendo as graças alcançadas por seu intermédio. 


"Durante todo o ano, há um movimento constante de pessoas trazendo fotos, roupas de bebês, velas, flores, brinquedos e cartas fazendo pedidos a ela, mas nesse período de Finados aumenta muito a visita no túmulo de Altina", diz Silvia Gonçalves Cardoso, gerente administrativa do Lar São Vicente de Paulo, que administra o necrotério passense.

Conforme ela, o Cemitério de Passos possui 4.520 jazigos cadastrados e cerca de 20% dos visitantes vão até o local santo especialmente para conhecer ou retornar ao túmulo de Altina. Para este feriado de 2 de novembro, são esperadas cerca de 5 mil pessoas no necrotério, que ainda não recuperou a movimentação antes da pandemia, quando se chegava a 10 mil visitantes no feriado de lembrança dos mortos.  


"É o túmulo mais conhecido do cemitério, mesmo tendo os jazigos dos padres. E não é só quem vem pagar promessa ou pedir alguma graça, mas também para conhecer o túmulo. A história envolve misticismo e fé até hoje e percebemos que os pedidos de intercessão atravessam gerações. Por isso, não se perde essa comoção em torno da Altina", avalia Silvia. 

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Túmulo de Altina fica do lado direito e na segunda quadra a partir da entrada do cemitério 

Devido a essa constante visitação, a capela do jazigo é aberta a cada 2 meses para retirada dos objetos e até doações em dinheiro. Outra curiosidade que perdura até hoje é o interesse de pessoas e famílias solicitando à administração do cemitério o direito de pintar o túmulo de Altina. 

Para atender os pedidos, o administração padronizou a pintura anual do jazigo, pois a cor deve seguir o padrão da Capela São Miguel Arcanjo, a mais importante do cemitério e a qual possui tonalidade bege. "Todo ano, pessoas nos procuram interessados em pintar o túmulo dela. Muitos entram em acordo para pagar as tintas e mão de obra do pintor. Não falta um ano", conta. 
 

A professora aposentada Elza Maria, de 73 anos, estava visitando o jazigo de Altina nesta véspera de Finados. Ela é de Passos, mas atualmente mora em Alpinópolis. Desde adolescente, ora e visita o cemitério para agradecer à dona de casa brutalmente assassinada. 

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Aposentada Elza em frente ao túmulo de Altina; ela veio de Alpinópolis para visitar o jazigo 

"Quando eu era estudante, sempre fiz orações pedindo a Altina que eu saísse bem nas provas e passasse de ano na escola. Nunca repeti de ano", garante Elza. "Lembro que, na época, havia uma comoção grande, com muitas velas no túmulo dela, que ainda não era essa capela", recorda a professora, que morou em Campinas (SP), mas nunca esqueceu a história da Altina. 


Versões
A professora Elza conta uma das histórias do assassinato da dona de casa. Até hoje, porém, há muitas versões sobre a morte de Altina, que foram resgatadas nessa reportagem. Dentre os comentários, um fala que ela estava grávida e foi esquartejada; outro lembra que ela levou machachadas na cabeça; ou ainda que o assassino nunca foi encontrado. A reportagem resgatou duas versões divulgadas na mídia local sobre o crime envolvendo Altina: 

Versão 1
Uma dessas versões foi divulgada pelo radialista Benedito Mustafé de Paula, conhecido como Zé das Pronúncias, já falecido e que acompanhou de perto todo o caso em 1950. No ano 2000, quando a morte de Altina completou 50 anos, ele concedeu entrevista detalhada e relembrou os fatos do ocorrido com a dona de casa. 


Conforme ele, Altina era casada com o lavrador Juventino e tinha dois filhos. A família morava na rua Brasil, no bairro Penha. Ela e uma amiga, conhecida como Sianinha, tinham o costume de buscar lenha pela manhã para fazer comida. Na época, o fogão à lenha era muito usado. 


Elas se dirigiram para uma estrada em direção à Cássia e entraram numa mata para conseguir a lenha. Ao olharem para trás, havia um moreno trajando macacão azul que as seguiu pela estrada por uns 8km. Chegando na encruzilhada de Taguaúna, o sujeito atacou diretamente Altina. Mustafé lembrou que ela lutou muito com ele. 

A amiga conseguiu escapar e procurou ajuda policial no destacamento, pois Passos não sediava delegacia como atualmente. No mesmo dia, polícia e amigos do bairro começaram a procurar Altina, pois não havia mais notícias. De acordo com Mustafé, o corpo de Altina foi encontrado somente quatro dias depois na fazenda de João Nico. 


"Encontramos o corpo no alto da invernada, escondido e coberto com galhos de assa-peixe. O próprio machado dela, que foi usado para bater na cabeça, estava do lado do corpo ensanguentado", afirmou Zé das Pronúncias na época da entrevista. 
 

"O fato ocorreu em plena Festa da Penha e o corpo ficou depositado na capelinha de São Miguel aguardando perícia. Houve uma comoção geral na cidade e ninguém sabe até hoje quem é sujeito", explicou Zé das Pronúncias no ano 2000. 

O radialista recordou que, na época, um homem foi preso pela polícia acusado do crime. Muitas pessoas fizeram romaria até a delegacia porque queriam linchar o sujeito, mas ficou comprovado que ele era um andarilho. 


Quando o assassinato completou 50 anos, Zé das Pronúncias via toda a comoção na história de Altina como algo natural. "Vejo naturalmente devido à fé e o fato vem despertando curiosidade a cada ano. Muitas pessoas fazem pedidos e acham que alcançam graças. Para elas, está comprovado que Altina realiza milagres. Tanto é que, todo Dia de Finados, corre um rio de velas no túmulo dela", se referindo à prática mantida até hoje. 


Enquanto vivo, o radialista sempre defendeu que a morte de Altina foi considerado dos crimes mais bárbaros na história de Passos.  

Versão 2
Outra versão da morte de Altina é contada pelo filho dela, Orecílio Lima Bernardes, que morava em Itaú de Minas e vinha para Passos especialmente para visitar o túmulo da mãe. Em entrevista no ano 2002, ele confirmou que a família conhece várias histórias sobre o assassinato, mas elegeu uma como verdadeira. 


No dia 4 de setembro de 1950, Altina e outras duas amigas saíram para buscar lenha na região rural de Taguaúna, na linha do Bananal. Ao chegarem ao destino final, ela foi atacada por um homem desconhecido. As amigas saíram correndo, mas viram o machado ser arrancado das mãos de Altina pelo sujeito que a matou com vários golpes e a esquartejou. 

Orecílio ainda contou que os pedaços do corpo foram jogados numa moita e achados alguns dias depois já em estado de decomposição. Na época, ele também revelou que um policial de Cássia o informou que um homem procurou a polícia da cidade para confessar a morte de muitas pessoas, incluindo de Altina. 


O sujeito, entretanto, não teve o nome revelado, deixando a família sem descobrir a verdadeira identidade de quem matou a dona de casa. Na ocasião, Orecílio disse que não via a comoção em torno de Altina como supresa, pois sempre acreditou nos milagres realizadas por ela. Ele mesmo relatou que escapou de um grave acidente pela intercessão da mãe. 

SERVIÇO
Cemitério Municipal de Passos
, Avenida JK, 633, bairro Vila Rica. Aberto todos os dias da semana de segunda-feira a domingo, das 8h às 18h. O túmulo de Altina fica na rua 18, número 363. 

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