TURISMO
Fotos: Divulgação
Cabeça d’água:
o que fazer para evitar acidentes em 2022
Nesta época mais abundante de chuvas, o número de acidentes em cachoeiras e rios mais que dobram nos destinos turísticos do Sul de Minas, onde se concentram várias atrações aquáticas. Causadora de muitas mortes, a mais comum na região de Passos é a cabeça d’água, que pega muitos turistas de surpresa e acaba por transformar a diversão em tormento. Nas próximas semanas, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBM/MG) realiza operações mais ostensivas nesses locais, alertando sobre o possível perigo, e oferece dicas para evitar afogamentos, pessoas ilhadas, quedas, lesões e fraturas.
Em sua abrangência, a 2ª Cia do CB de Passos atua em 13 cidades de maior potencial turístico no Mar de Minas e nas principais cachoeiras de cidades como São João Batista do Glória, Delfinópolis, São José da Barra, Furnas, Ibiraci e parte de Capitólio e Piumhi. Conforme o soldado bombeiro Bruno Henrique de Castro Barreto, o período de maior cautela nas áreas com água é justamente o início do verão, de dezembro até o fim de janeiro.
A estação verão, a mais quente do ano e que atrai mais pessoas para a água, começa na próxima terça-feira, 21 de dezembro. “O fluxo de turistas é muito grande na nossa região neste período. É uma época de chuvas fortes e rápidas no início e fim da tarde que pega muitos banhistas de surpresa, podendo causar vários acidentes com vítimas fatais, principalmente dos visitantes que não são da região.”, explica.
Por possuir muitas serras, como a Canastra, é comum na região o fenômeno da cabeça d’água, que muitos confundem com a tromba d’água (confira a diferença das duas abaixo). O bombeiro Barreto gravou um áudio especialmente para o Noticiar.net falando sobre a cabeça d’água e dando dicas para os visitantes de cachoeiras e rios (ouça áudio ao lado).
DIFERENÇAS ENTRE OS FENÔMENOS
Recentemente, o site Climatempo divulgou as principais diferenças entre cabeça d’água e tromba d’água, pois muitas pessoas confundem os dois fenômenos. Abaixo, veja quais são e obtenha mais dicas para curtir uma cachoeira segura na arte do Climatempo:
Cabeça d’água
Se forma devido a uma grande quantidade de água que surge repentinamente avançando por um rio ou descendo sobre uma cachoeira. O grande volume de água surge de forma muito rápida e faz o nível do rio subir muito e de forma súbita. Na cachoeira, o volume de água aumenta muito rapidamente tornando-se extremamente perigoso, pois a força da massa de água causa um grande arrastão, deslocando pedras, vegetação e outros objetos. Pode ocorrer quando uma chuva muito forte cai sobre a cabeceira de um rio. É extremamente traiçoeiro, pois pode ocorrer mesmo sem ter chovido forte no local.
Tromba d’água
É uma nuvem funil que se forma sobre um corpo d'água e que se prolonga da base da nuvem até tocar a superfície da água. Pode se formar sobre um rio, mar, um lago ou no oceano, mas não cachoeira. O formato é muito parecido com o de um tornado (nuvem funil que toca o solo, mas se forma sobre a terra).
Praticamente todos os anos, a cabeça d’água causa transtornos para os banhistas desavisados na região, chegando até a perda de vidas. O mais emblemático dos acidentes talvez seja o de dezembro de 2018, quando cinco jovens morreram numa cachoeira em São João Batista do Glória e ganhou repercussão nacional. Um sobrevivente de Passos apareceu três dias depois e relatou os momentos de terror provocados pelo grande e repentino volume de água no local.
Em 2020, o CB de Passos registrou oito afogamentos, sendo seis deles nos feriados e fim de ano, enquanto em janeiro de 2021, foram três vítimas mortas devido à cabeça d'água num complexo de cachoeiras entre Capitólio e São José da Barra.
Sinalização
O soldado Barreto informa que o CB realiza medidas preventivas e visita as atrações, orientando os banhistas por meio de veículos de prevenção aquática, como barco, dois jet skis, seis viaturas e uma equipe de oito militares. Em casos de pessoas ilhadas e em locais de difícil acesso, os bombeiros ainda contam com uma aeronave, que vem de Varginha e chega na região em 30 minutos para dar o socorro necessário.
Para atendimento nos rios, os bombeiros são treinados em cursos de mergulhadores de resgate, como um que ocorreu com a corporação em outubro deste ano. “Consideramos que os principais destinos turísticos da região estão bem sinalizados, possuem monitores e salva-vidas para orientar os visitantes. Mas as pessoas nunca acreditam que vão acontecer problemas porque estão num momento de lazer, usam álcool, desafiam indo a lugares de difícil acesso, se descuidam e não observam as condições climáticas”, diz Barreto, lembrando que em alguns casos o resgate só é possível por meio de tirolesa.
Bombeiros usam jet ski para acessar locais de difícil acesso na região
Viaturas do CB para atender ocorrências relacionadas à água; Cia de Passos possui seis delas
Além da boa sinalização, que inclui placas e pinturas no chão, nas pedras e cânions, ele lembra que as 20 maiores cachoeiras da região, como o Paraíso Perdido, Maria Augusta, Retiro Viking, Cascatinha, Mirante dos Canyons, Lagoa Azul, dentre outras, trabalham com monitores e guias turísticos próprios. Estes informam os visitantes de possíveis alterações meteorológicas, chegada de chuvas, pontos de acidentes e outras orientações que podem salvar vidas.
“Algumas cachoeiras mantém os monitores de cabeça d’água, que ficam na parte alta, na cabeceira da serra, para avisar sobre alguma alteração no tempo, maior fluxo de água e solicitar a retirada dos banhistas da água”, conta.
O CB de Passos trabalha com equipes alternadas de quatro bombeiros visitando os locais turísticos, pontes e rios, com prevenção e atendimento mais ostensivo neste final de 2021 e início de 2022, devido à grande previsão de chuvas para o período.
A 2ª Cia de Passos também usa as redes sociais para informar a população e divulgar seus trabalhos e ocorrências atendidas nas 26 cidades da região. A corporação possui pelotões pertencentes a Passos, São Sebastião do Paraíso e Piumhi.
SERVIÇO
Chame 193 para contato com a 2ª Cia do Corpo de Bombeiros de Passos, no Sul de Minas / Instagram @2ciabombeiros_passos
VEJA MAIS