BEM TOMBADO
Sino da Capela Centenária da Penha
Ano de fundição: 1878
Ano de tombamento: 2007
Estilo: colonial
Material: bronze
Descrição do bem tombado
O sino encontra-se na Capela Centenária de Nossa Senhora da Penha, igreja construída em meados da década de 1860 e que foi o primeiro bem tombado em Passos em 1998, uma das edificações mais antigas da cidade. A peça está em ótimo estado de conservação, uma vez que o bronze é um material de alta resistência. O sino possui 64 cm de altura e diâmetro de 52 cm, na forma campanular, semelhante a um cone invertido.
Pode ser percutido por balanço manual por seu badalo fixo ou mecânico, pois também possui roldana de movimento apropriada para este sistema de percussão. Em estilo colonial, a decoração externa é simples, mas elegante: uma cruz com desenhos florais, ornamentado com linhas formadoras de anéis e arabescos em torno do sino.
Sino da Capela Centenária é de bronze, com forma campanular decorado com vários ornamentos
Escada de madeira que dá acesso ao sino; são 35 degraus para chegar até o bem tombado
Para apreciá-lo, é preciso subir uma pequena escada de madeira nos fundos da capela, o que dá a sensação de voltar ao século 19. Atualmente, seu funcionamento é manual, com badalo somente em algumas missas celebradas pela paróquia.
O dossiê de tombamento não informa o peso real do Sino da Capela da Penha.
Importância
O sino representa o fortalecimento do imaginário social e religioso da comunidade passense, ao mesmo tempo em que detém elementos da história e memória da cidade.
No século 19, o tocar do sino era uma tradição e uma espécie de meio de comunicação no interior do Brasil, pois anunciava diversos eventos da época, desde missas, batizados, casamentos e recados importantes até mortes, enterros e festas tradicionais.
Todos eles ligados fortemente à cultura e memória do povo de Passos, e uma tradição ainda mantida em muitas regiões de Minas Gerais. Para muitos, o badalar do sino não era somente sons, mas sim o elo entre os ritos, as tradições culturais, religiosas e o próprio cotidiano construtor da identidade passense, principalmente na transição do século 19 para o 20.
Sinos sempre estiveram ligados à tradição cultural e religiosa da região
História
Em meados do século 19, começou a ser erguida em Passos a Capela da Penha, um bem cultural de forma octogonal que seria um dos marcos arquitetônicos da cidade desde então. A igreja, construída no alto da Penha, possuía uma nave principal de arquitetura octogonal, sacristia retangular e uma torre com sineira nos fundos da capela.
Conforme o dossiê de tombamento, não há bases históricas que comprovem a origem, o produtor ou local de fundição do Sino da Capela da Penha. Especula-se que tenha sido fundido num rancho nos arredores de Passos, por um fundidor de sinos ambulante.
Entretanto, há uma inscrição no próprio sino que indica o ano de 1878 e o nome de Leonel Gonçalves Gomide, ambos em alto relevo, permitindo apontar que essa pessoa tenha doado a peça à igreja. Na época, a doação às instituições religiosas era prática comum para agradecer graças alcançadas ou mesmo eternizar seu nome na comunidade.
Detalhe dos desenhos no sino centenário da Penha
Sino ainda tem badalo manual
Acredita-se que numa segunda fase da obra da capela, construiu-se ainda um campanário na lateral direita que, devido à falta de cuidados e abandono, foi levado à ruína. Não há pesquisa histórica que evidencie a data precisa da demolição do campanário.
Transferiram, então, o sino para a torre dos fundos da capela, que tinha vãos circulares e fechados em venezianas de madeira, os quais, entre outras funções, permitiam que o som emitido pelos badalos ecoasse por toda a comunidade.
O sino ficou desaparecido por um longo tempo. Em 2004, descobriu-se que estava guardado no prédio da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Os integrantes do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos solicitaram a devolução formal à administração do hospital para que o bem fosse tombado. Só assim, poderia ser (re)incorporado à Paróquia da Penha.
Em 10 de setembro daquele ano, o Conselho Superior da Irmandade da Santa Casa de Passos restabeleceu o sino ao patrimônio público de Passos, com a ressalva de que o bem fosse reintegrado à sua origem, complementando o acervo da Capela Centenária da Penha.
O sino foi devolvido à Paróquia da Penha, a qual autorizou sua instalação na igreja de Santo Antônio, no bairro Cohab 4, pois a Capela da Penha estava desativada de suas funções litúrgicas e precisava de um projeto de restauro urgente.
O tombamento definitivo ocorreu pelo Decreto Municipal nº 989 em 2007. Entrentanto, o sino só voltou à Capela Centenária da Penha em 2009, após a longa e completa obra de revitalização da igreja.
Vista privilegiada da Capela da janela onde fica o sino
Intervenções e restauro
Não existem documentos que certifiquem intervenções ou restauro no sino, mantendo-se, assim, como peça original.
Funcionamento
Endereço: Capela Centenária de Nossa Senhora da Penha, na Praça Padre Arnaldo Belucci s/n – Bairro Penha
Dias e horários: de terça à sexta-feira das 14h às 16h
Acesso: gratuito
O Mapa Virtual dos Bens Tombados de Passos é uma produção do site Noticiar.net, publicado em outubro de 2024 e realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico de Passos.
Ficha técnica:
Produção, pesquisa documental, redação e edição: Keuly Vianney
Fotos: Aluísio de Souza e Keuly Vianney
Revisão: José dos Reis Santos
Webdesigner: Mariana de Lima Cruz
Agradecimentos: Marcos Roberto da Silva Costa, Afonsinho Simosono, Ivan Vasconcellos, Maurício Ponsancini, Roseymar Zaroni, Suzana Machado, Samyra Marques
Referências Bibliográficas:
____________. Dossiês de tombamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos, 1998 a 2020.
____________. 150 anos da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Folha da Manhã. Passos (MG), 2014.
____________. 150 anos de Passos. Folha da Manhã e Fesp. Passos (MG), 2008.
____________. A História das Ferrovias no Brasil. Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível no https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/ferrovias/historico
Castro, Wagner. Ensaio para uma Pintura Espírita. Belo Horizonte (MG), 2011.
Noronha, Washington. A História de Passos. Passos (MG), 1969.
Vianney, Keuly. Câmara Municipal de Passos - 170 anos (1850-2020). Passos (MG), 2020. Edição online disponível em https://www.camarapassos.mg.gov.br/camara%20passos%203o%20relatorio.pdf