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BEM TOMBADO

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Capela Centenária de Nossa Senhora da Penha

Ano de construção: 1863/1864
Ano de tombamento: 1998
Estilo: colonial e eclético
Área: 1.145,73 m²

Ouça Capela da Penha
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Descrição do bem tombado
Ícone dos bens culturais de Passos, a Capela Centenária da Penha é um dos raros exemplares da arquitetura octogonal no Brasil com feições coloniais. Encontra-se no centro de uma pequena praça do bairro Penha, num ponto alto da cidade, que se orgulha de possuir essa pequena igreja de beleza original que remonta à época de sua emancipação político-administrativa no século 19.


Forte símbolo de fé, a capela, composta por um conjunto de madeira e alvenaria, é formada por nave de base octogonal, capela-mor e sacristia transversal. Na parte de trás há uma segunda torre, onde está outro bem tombado, o Sino Centenário. Ao lado direito, um campanário anexo.

Os prédios estão em bom estado de conservação, apesar de necessitar de uma nova restauração para salvaguardar o patrimônio. A fachada amarela com detalhes em branco revela a forma do octógono, com as partes distribuídas simetricamente e encaixadas no telhado, sendo arrematada com um zimbório (um tipo de cúpula) octogonal e vitrais coloridos.

Capela da Penha com sua arquitetura octogonal, que possui poucos exemplares no Brasil 

Cinco das oito faces recebem janelas em arco romano. Todas possuem grade de ferro na parte inferior, trabalhada com aplicações de motivos florais e a representação do sol no centro. A exceção é o óculo circular da entrada, acima da porta principal, feito em madeira e vidros coloridos bem ao estilo gótico.

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Fachada da Capela da Penha mostra características do seu estilo colonial e eclético

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Detalhe da grade de ferro da janela (esq.) e do óculo frontal

Apesar de pequeno, o interior da capela mostra-se acolhedor com suas cores azul, amarelo e branco, com predominância da luz natural por meio de vitrais. O espaço tem capacidade máxima para 200 pessoas, acomodando 120 delas sentadas.


A nave octogonal possui colunas em arco romano e escadas laterais de acesso ao mezanino e coro. Olhando para cima, a cúpula azulada revela o efeito diferenciado da arquitetura octogonal.

Fiéis oram na capela, que possui interior acolhedor

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Colunas com detalhes arquitetônicos dos arcos romanos e escada de acesso ao mezanino

Cúpula revela arquitetura octogonal ao olhar para cima

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Imagens do mezanino, como a lateral e vista para o altar

Já no altar, o retábulo esculpido em madeira abriga a imagem da padroeira Nossa Senhora da Penha no centro e as de Santa Bárbara e São Jerônimo nas laterais. No arremate da obra, está a imagem do Divino Espírito Santo em talha dourada.
 

Pintado em azul-claro com detalhes dourados, o retábulo neoclássico é composto por duas colunas cilíndricas sustentadas por capitéis em estilo romântico e barroco. Nos detalhes, é possível se maravilhar com o douramento com folhas de ouro 22 quilates vindas da Itália.

Altar com imagem de N.S. da Penha ao centro, Santa Bárbara e São Jerônimo nas laterais

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A padroeira Nossa Senhora da Penha no nicho principal; acima do altar arremate com o Espírito Santo

Enquanto a construção preserva sua originalidade, os móveis litúrgicos são contemporâneos e fiéis à Conferência Episcopal Italiana, de acordo com as modificações instauradas pelo Concílio Vaticano II. Pela devoção a Nossa Senhora da Penha, a capelinha abre suas portas para celebração de missas, casamentos, batizados e terços coletivos.


A visitação da Capela Centenária é coordenada pela Irmandade Nossa Senhora da Penha, formada por um grupo de fiéis da Paróquia da Penha.

Importância
A Capela Centenária da Penha foi o primeiro bem tombado na cidade em 1998, abrindo a possibilidade para novos tombamentos. Além de possuir um valor arquitetônico e histórico em nível regional e até nacional, a igrejinha revelou-se como um dos templos mais carismáticos e significativos para professar a fé católica em Passos.

 

Muitas manifestações religiosas e culturais foram realizadas na sua área, marcando uma tradição no município ao longo dos tempos. Ainda pela religiosidade, foi a partir dela a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, com a construção de seu santuário e absorção de comunidades da região, como Santo Antônio de Pádua e São Luiz Maria de Monfort.
 

Por outro lado, trouxe o fenômeno da urbanização à localidade, logo após a construção da igrejinha. Pode-se dizer que o bairro da Penha, um dos maiores de Passos, começou ali, atraindo principalmente a população negra, que tinha práticas culturais africanas, como a Congada e o Moçambique.

Capela da Penha sempre esteve ligada às manifestações culturais do bairro Penha

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Essas manifestações culturais persistiram no tempo e ainda são comuns no bairro, como no caso da Cavalhada, Congado, Moçambique e Reisado. A Festa da Penha, que ocorre todo mês de setembro, é outro evento tradicional do município iniciado ao redor da capela.


A importância cultural, religiosa e histórica da Capela da Penha é tamanha que ela figura no brasão representativo da cidade, desenhado durante as comemorações de 100 anos do município em 1958.

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Brasão oficial de Passos com imagem da capela ao centro

O patrimônio cultural da Capela Centenária da Penha também mantém ligação afetiva com a população, pois ali se realizaram vários casamentos, batizados e outras atividades religiosas guardadas na memória e no coração de muitos passenses.

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Pia batismal da capela; população mantém vínculo afetivo com bem tombado 

História
A história da Capela de Nossa Senhora da Penha está ligada a uma promessa partindo da família de Antônio Caetano de Faria Lolou. Vivendo difícil situação financeira, a esposa de Lolou invocou a padroeira, fazendo a promessa de construir uma igreja em louvor a Nossa Senhora da Penha.


Passos praticamente acabava de se elevar à categoria de cidade em 1858 e possuía somente uma paróquia, a Matriz do Senhor Bom Jesus dos Passos. Ao alcançar a graça, a família de Lolou empenhou-se na construção de uma capela, promovendo as iniciativas para construir a obra em homenagem à padroeira.

Com o dinheiro de doações e campanhas, deram início à construção daquela que seria a casa patrimonial de Nossa Senhora da Penha. O terreno escolhido ficava em lugar alto da cidade, pouco habitado.


Documentos históricos apontam que o patrimônio originou-se da divisão da Fazenda Bonsucesso com 16 hectares, 33 ares e 50 centiares. Assim, criaram uma comissão de construção, com forte apelo popular e político.


Não há documentos que comprovem o período exato de construção da capela, mas estima-se que a igreja foi erguida entre 1863 e 1864. O livro “História de Passos”, do escritor Washington Álvaro de Noronha, informa num capítulo especial que o construtor da igreja foi Sílvio Antônio Torres, de Tamanduá (Itapecerica).

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Capela da Penha foi construída entre 1863/1864, antes de Passos se tornar cidade em 1868 / Arquivo Maurício Ponsancini

Santuário da Penha, que se originou da Capela Centenária 

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Em 5 de agosto de 1864, houve a primeira benção da capela, seguida de outra, em 7 de setembro de 1867, pelo padre João da Fonseca e Mello, numa grande solenidade e com grande presença de fiéis. As duas bênçãos constam do livro de tombo da Matriz de Senhor Bom Jesus dos Passos.


Ao mesmo tempo em que crescia a devoção a Nossa Senhora da Penha, os passenses foram se afeiçoando àquela capela de arquitetura diferente. Além dos moradores, a igrejinha era visitada com frequência por viajantes que aqui passavam.
 

Pelo grande número de fiéis, a Capela da Penha deu origem à criação da Paróquia de Nossa Senhora da Penha em agosto de 1947. Por meio da lei municipal nº 367, de 1959, foi doado um terreno localizado na Praça Trindade para a construção do Santuário da Penha.

A preservação da capela centenária ocorreu com seu tombamento em agosto de 1998, pelo Decreto Municipal nº 316. Mas devido ao seu mau estado de conservação, ficou fechada por longo período.
 

Em 2007, reconstruiu-se o campanário ao lado da capela. A reinauguração da igreja ocorreu em 2009 somente depois de uma revitalização mais incisiva, trazendo de volta suas características originais.

Intervenções e restauro
A Capela da Penha sofreu expressivas intervenções ao longo do tempo, mas nenhuma foi corretamente catalogada, como aponta o dossiê de tombamento do bem. Conforme relatório da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, uma reforma considerável aconteceu entre junho e agosto de 1964, quando telhados, vidros, zimbório, campanário, as cores internas e externas sofreram grandes mudanças em relação ao prédio original.


Já na década de 1980, foram substituídos o piso, molduras, ornamentos e as cores, quando predominaram o azul e branco na fachada. Nesse período, também trocaram o retábulo de madeira do altar por uma réplica do original do século 19. 

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Tela da artista plástica Roseymar Zaroni retrata capela com fachada azul e branca, da reforma dos anos 1980

Entretanto, a grande restauração após o tombamento em 1998 só ocorreu entre 2007 e 2009, visando à comemoração dos 150 anos de Passos em 2008. A Paróquia da Penha contratou uma equipe especializada em gestão de restauro, para a revitalização arquitetônica e paisagística da igreja. O objetivo da obra era resgatar fielmente a arquitetura da igreja, de acordo com seu estilo original de 1863/1864 e os padrões de restauração previstos na legislação de bem tombado.


Quando a empreitada começou, em 6 de junho de 2007, os especialistas notaram que o restauro de 1982 descaracterizou, e muito, a capela centenária. Nos dois anos de trabalho e atuação de mais de 100 profissionais, efetuaram-se vistorias, estudos in loco, prospecções e pesquisas, além da colaboração popular para levantar dados concretos sobre o real estilo da capela.

Piso de ladrilho hidráulico recuperado no restauro finalizado em 2019

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O projeto, acompanhado de perto pelos membros do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos, previu restauro completo, desde a infraestrutura até detalhes e resgate da cor original, principalmente da fachada, telhado, madeira, vidros, etc.


Houve reconstituição das cores da capela em amarelo-claro na fachada e acabamentos em branco e azul. O piso, substituído anteriormente por cerâmica vermelha, retomou o ladrilho hidráulico estampado. Esse resgate do passado só foi possível a partir de um pedaço do ladrilho original esquecido na sacristia.

Já o amarelo e verde dos vitrais do zimbório e do óculo foram resgatados conforme descrição no livro do historiador Washington Noronha. Também existiam alguns pedaços de vidros antigos perdidos na igreja. 

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Restauro recuperou fachada em amarelo e branco e cores dos vitrais  

Douramento do altar recebeu folhas de ouro da Itália

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No restauro do altar, recuperou-se a cor azul-claro, enquanto o acabamento deu-se com douramento nos detalhes do relicário. A revitalização do altar e o processo de douramento duraram 11 meses de trabalho. 


Os valores da restauração somaram cerca de R$ 750 mil – 140% a mais do que o orçamento inicial. Os recursos para a grande obra vieram do governo municipal e da contribuição popular em campanhas, doações de devotos e paroquianos.

Problemas estruturais inesperados e falta de recursos financeiros atrasaram a obra, finalizada em 31 de agosto de 2009, data da reinauguração oficial e aniversário de 62 anos da Paróquia da Penha. 


Desde então, reparos e manutenção do bem tombado são fiscalizados pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos junto à Paróquia de Nossa Senhora da Penha.


Na grande revitalização de 2009, detalhes do altar receberam folhas de ouro 22 quilates originárias da Itália, enquanto os castiçais ganharam banho de prata. A imagem de Nossa Senhora da Penha e a cruz processional tiveram restauração especial na ocasião.

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Placa comemorativa do restauro arquitetônico e artístico da Capela da Penha

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Funcionamento
Endereço:
Praça Padre Arnaldo Belucci s/n – Bairro Penha
Dias e horários: visitas de terça à sexta-feira, das 14h às 16h
Acesso: gratuito

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O Mapa Virtual dos Bens Tombados de Passos é uma produção do site Noticiar.net, publicado em outubro de 2024 e realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico de Passos. 

Ficha técnica:
Produção, pesquisa documental, redação e edição:
Keuly Vianney
Fotos: Aluísio de Souza e Keuly Vianney
Revisão: José dos Reis Santos
Webdesigner: Mariana de Lima Cruz

Agradecimentos: Marcos Roberto da Silva Costa, Afonsinho Simosono, Ivan Vasconcellos, Maurício Ponsancini, Roseymar Zaroni, Suzana Machado, Samyra Marques

Referências Bibliográficas: 
____________. Dossiês de tombamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos de 1998 a 2020.


____________. 150 anos da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Folha da Manhã. Passos (MG), 2014. 
 

____________. 150 anos de Passos. Folha da Manhã e Fesp. Passos (MG), 2008. 
 

____________. A História das Ferrovias no Brasil. Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível no https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/ferrovias/historico 
 

Castro, Wagner. Ensaio para uma Pintura Espírita. Belo Horizonte (MG), 2011.  
 

Noronha, Washington. A História de Passos. Passos (MG), 1969. 
 

Vianney, Keuly. Câmara Municipal de Passos - 170 anos (1850-2020). Passos (MG), 2020. Edição online disponível em https://www.camarapassos.mg.gov.br/camara%20passos%203o%20relatorio.pdf

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