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HISTÓRIA

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Visitamos a casa mais antiga de Passos, construída em 1892

Reportagem e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com

13/05/2022 

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A casa que é considerada a mais antiga de Passos, no Sul de Minas Gerais, completa 130 anos em 2022. Na semana em que a cidade comemora seus 164 anos neste 14 de maio, o  Noticiar.net visitou a residência ainda habitada até hoje pela família Silveira Maia no bairro da Penha. 


Construído em 1892, o imóvel está bem preservado com seu estilo eclético imposto por linhas simples e retas, mantendo as características originais do final do século 19, principalmente na fachada, onde se destaca o ano de quando foi erguida, seus grandes janelões e uma porta de entrada de 4m de altura. Por motivos pessoais, os familiares solicitaram que não fotografasse o interior da casa, mas o Noticiar.net conseguiu alguns cliques exclusivos para a reportagem. 

Parte da sala de estar com móveis antigos e fotografias de antepassados

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Impossível passar pela avenida Brasil número 258 e não notar a casa mais que centenária, a qual se destaca em meio às construções atuais e o comércio agitado do bairro. A boa preservação do imóvel pelos familiares refletiu nas poucas adaptações necessárias ao longo das últimas décadas. 


No endereço, moram atualmente quatro de seis irmãos, netos do fazendeiro Cassiano Torquato da Silveira e de Liquinha Silveira, conhecida em Passos pelas suas ações sociais em prol dos mais necessitados. Os avôs dos herdeiros já adquiriram a casa construída,  pois compraram um grande terreno no bairro, que depois foi sendo desmembrado na partilha de bens ao longo dos anos.  

Com 280m² de área construída, a casa possui 12 cômodos: hall de entrada, duas salas, cinco quartos, dois banheiros, uma copa e uma cozinha, que mede 30m², sendo o maior espaço da residência. Ali, também está a base de um fogão de lenha original, que ganhou um revestimento avermelhado e adaptou-se um fogão, onde os moradores cozinham suas refeições até hoje. 


O quintal, talvez, seja o que mais sofreu interferências, sendo construída uma pequena varanda, algo inexistente nos idos de 1890. Conforme contam os irmãos Júlia, de 79 anos, e Luciano Silveira Maia, proprietários do imóvel junto com os outros quatro irmãos, a casa foi adquirida pelos avôs Cassiano e Liquinha provavelmente no início dos anos 1900. Eles não sabem precisar a data de compra. 

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Fogão de lenha tem base original, mas ganhou revestimento e fogão adaptado, onde família cozinha até hoje 

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Após o falecimento dos avôs, que sempre viveram na casa centenária, o pai deles comprou a residência dos outros irmãos, sendo hoje uma herança da família. "Pelo que sabemos, esta é a casa mais antiga da cidade. Foi a primeira construída com tijolos em Passos na época e eles permanecem na construção até hoje", contam os irmãos.


 Com pé direito alto, a casa possui 5m de altura, passando para 5,5m se contar o forro, como calcula Luciano. Dos 18 janelões, 16 ainda são originais com madeira de cedro e medidas aproximadas de 2m de altura por 1,2m de comprimento. Já as nove altas portas também exibem cedro. Só a porta de entrada mede 4m de altura. 

Vista do interior da casa com suas altas portas, que somam 9 na residência toda

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Detalhe da história na porta da sala: a cruz marca o local onde bala se alojou após atingir morador da casa antes da família Maia Silveira adquirir o imóvel 

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Janelões da fachada medem quase 2m de altura; casa possui 18 deles

"Somente duas janelas do interior foram trocadas por vitrôs por uma questão de segurança, assim como a porta central, que hoje é de ferro. Após a morte de meu pai, que comprou a casa dos meus avós, tentamos manter a originalidade do imóvel", explicam Júlia e Luciano. 


O piso das salas e quartos é de tábua corrida, mas num trecho da copa ainda permanece o ladrilho hidráulico de tempos passados com desenhos e tons de marrom e vermelho.  

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Ladrilho hidráulico antigo está presente na copa da casa

Móveis antigos
A família também possui alguns móveis antigos e bem preservados, como no caso dos armários de madeira, incluindo um de canto na sala, onde são guardadas finas louças e peças vindas do exterior. Lá, é fácil se deparar com baús, malas, outros artigos decorativos de época e até uma roca de fiar, que ornam muito bem com o ambiente centenário da residência. Não há nada de luxuoso, mas tudo possui alto valor sentimental para os proprietários. 

 

Júlia e Luciano contam que muitas pessoas e curiosos já bateram na porta da residência para conhecerem a casa. "Deixamos as pessoas entrarem. Temos muito orgulho de preservar a casa mais antiga da cidade, pois é uma forma de valorizarmos a história e a memória da nossa família, principalmente da nossa avó Liquinha", afirmam. 

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Fachada continua preservada no estilo eclético pintada de amarelo, azul e detalhes em branco; família não sabe se cores são originais da época

Maria das Dores da Silveira, conhecida carinhosamente por Liquinha Silveira, nasceu em 1899 na Fazenda São João, zona rural de Passos. Casou-se aos 17 anos com o fazendeiro Cassiano Torquato, mas ficou viúva aos 32 anos, mantendo o luto até seu falecimento em 1975. 


A mulher de personalidade forte destacou-se na comunidade passense, principalmente no bairro da Penha, onde incentivou e promoveu ações para construção do Santuário da Penha e do Hospital Otto Krakauer, além de outras movimentações sociais. Na década de 1990, ganhou homenagem ao batizarem a antiga avenida Penha-Coimbra com seu nome. 

Os irmãos Júlia e Luciano contam que o terreno comprado pelos avôs também tem ligação com a história de Passos, pois foi dali que retiraram a água da biquinha fornecida para a Santa Casa de Misericórdia de Passos e o abastecimento para o bairro da Penha. 

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Fotografia histórica de Liquinha Silveira, do acervo da família, fica em exposição na sala de estar

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