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BEM TOMBADO

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Túmulo Nº 1 do Cemitério Municipal de Passos

Ano de inauguração: 1901
Ano de tombamento: 2011
Estilo: eclético
Área: 4,08 m²

Ouça Túmulo Número 1
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Descrição do bem tombado
O túmulo pertencente à família de Antônio Caetano de Faria Lolou é o primeiro jazigo localizado ao lado esquerdo da entrada principal do Cemitério Municipal de Passos. Pintado em amarelo-claro, está em bom estado de conservação e com integridade estrutural.


É um túmulo simples, mas ostenta uma estrutura arquitetônica harmoniosa com estilo eclético e linhas clássicas. A frente exibe um frontão, acompanhado de um triângulo na parte superior e uma cruz latina na ponta, estendendo-se seu corpo retangular embaixo até outro frontão posterior, bem menor que o primeiro.

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Detalhes na parte de trás do jazigo; no detalhe, placa com nomes dos enterrados

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Túmulo número 1 tem estilo eclético e simples, mas chama atenção na entrada do cemitério

Na parte frontal e posterior do túmulo, foi esculpido um triângulo em baixo relevo e a figura de dois ossos em X em alto relevo. Uma lápide em mármore emoldura a fachada do túmulo, contendo três placas informativas sobre as pessoas ali sepultadas. As inscrições feitas na própria pedra registram o sepultamento de Antônio Lolou.


Conforme registros do dossiê de tombamento, já foram sepultados no túmulo nº 1: Antônio Caetano Faria Lolou (1895), Espedito Vieira (1947), Purcina Conegundes (1952), Regina Cury Walimpense (1957), Antônio Caetano da Silva (1962), Matildes Inácio Silva (1972), Gaspar Caetano da Silva (1981) e Maria Expedita da Silva (1996).

​Importância 
Um túmulo envolve tanto a memória quanto a tradição na construção de identidades coletivas, como é o caso deste primeiro jazigo do Cemitério Municipal de Passos. Possui valor histórico e artístico, em nível local e regional, fundamentado no sentimento de pertencimento do indivíduo a uma comunidade, legitimando sua importância social perpetuada através do tempo e no respeito aos mortos.


É um exemplo da chamada arte mortuária em Passos, servindo de chamariz para visita ao Cemitério, onde há outros jazigos interessantes.

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Rua do cemitério onde fica o túmulo número 1

História
No século 19, as práticas de sepultamento em igrejas começaram a ser questionadas com maior frequência no Brasil, devido à influência da medicina social francesa e da visão médica e racionalista. Os ideais republicanos também já se espalhavam, promovendo rupturas na sociedade brasileira.


Muitas mudanças ocorreram nas formas de sepultamentos e velórios, associadas à organização civilizada do espaço urbano. Passos se insere nesse contexto republicano, visando à modernização a qualquer custo. Em 1893, o necrotério do município, situado no centro da cidade, já era considerado pequeno em relação ao crescimento da população da época.
 

Políticos do Conselho Distrital determinaram a escolha de um local para ser construído um novo cemitério na cidade. Nesse momento, aparece a figura de Antônio Caetano de Faria, apelidado de Lolou, que era proprietário de um pasto fechado na Fazenda Brandões, fora dos limites municipais em área a céu aberto. Em 1894, o terreno já estava comprado pelo valor de 200 mil réis.

Entrada atual da necrópole de Passos

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Há duas versões sobre a aquisição do terreno onde se estabeleceria a futura necrópole. Na primeira, Lolou teria vendido o terreno para a prefeitura, exigindo o direito de construir um túmulo para seu jazigo perpétuo como condição de venda. O fato consta no livro 01 de registro de licença para construção de túmulos entre os anos de 1894 e 1896.
 

A segunda versão, defendida pela família Caetano, é de que a área onde hoje se encontra o Cemitério Municipal foi doada por Lolou sob a condição de ele ser o primeiro a ser enterrado no local. Um fato, no mínimo, curioso para a época. Histórias espalhadas ao longo do tempo dão conta de que Lolou fazia piadas com os amigos sobre o fato, chegando até a apostar quem morreria primeiro.

Entre 1901 e 1904, consta no relatório do presidente da Câmara, coronel Joaquim Gomes de Souza Lemos, o traslado de restos mortais não reclamados do cemitério antigo para o novo na atual Avenida JK. Para marcar a solenidade, foram construídos dois obeliscos na área central da necrópole, que se harmonizam com o túmulo de Lolou.


No interior do cemitério, levantou-se um Cruzeiro e ainda uma capela a São Miguel, que também se assemelham com o túmulo pioneiro. Na lápide do túmulo nº 1 consta o falecimento de Lolou em 1894. No entanto, não há informações concretas de que o primeiro túmulo do cemitério tenha sido realmente o de Lolou ou se trata-se de uma homenagem póstuma.

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Túmulo número 1 se harmoniza com outros jazigos do cemitério

Em 2010, foi realizado o tombamento provisório do túmulo nº 1 do Cemitério Municipal. O tombo definitivo veio um ano depois, em janeiro de 2011, com o Decreto Municipal nº 790. Hoje administrado pela Sociedade São Vicente de Paulo, o Cemitério Municipal integra a zona urbana de Passos, estando com o limite de quatro mil jazigos esgotados.


Devido a esse problema, a Sociedade São Vicente construiu outro necrotério, o Campo Santo Senhor dos Passos, inaugurado em 2011 na Avenida Arlindo Figueiredo e com vida útil até o ano 3000.

Túmulo número 1 restaurado em 2008, recobrando sua cor amarela original / Reprodução

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Intervenções e restauro
Não há documentos históricos que informem sobre possíveis intervenções no túmulo nº 1 ao longo das décadas. Nesse período, a família Caetano aponta que foram efetuados somente serviços de manutenção, recomposição do reboco e limpeza.


Em 2008, houve projeto de restauro de pequenas trincas e danos. Comprovou-se, por meio de prospecções, que a cor mais antiga do túmulo seria a cor amarelo-claro. Além do túmulo, o projeto previu restauração do pórtico do cemitério, que foi alterada em meados dos anos 1950, e nos obeliscos centrais, que possuem elementos clássicos similares ao túmulo nº 1.

Naquele mesmo ano, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos aprovou a construção de uma segunda urna funerária, subterrânea, no sepulcro do túmulo, após pedido da família Caetano. A autorização só veio depois do levantamento e elaboração do dossiê para tombo do bem cultural.

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Funcionamento
Endereço:
Avenida JK 633 – Bairro Vila Rica
Dia e horários: de segunda-feira a domingo, das 7h às 18h
Acesso: gratuito

O Mapa Virtual dos Bens Tombados de Passos é uma produção do site Noticiar.net, publicado em outubro de 2024 e realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico de Passos. 

Ficha técnica:
Produção, pesquisa documental, redação e edição:
Keuly Vianney
Fotos: Aluísio de Souza e Keuly Vianney
Revisão: José dos Reis Santos
Webdesigner: Mariana de Lima Cruz

Agradecimentos: Marcos Roberto da Silva Costa, Afonsinho Simosono, Ivan Vasconcellos, Maurício Ponsancini, Roseymar Zaroni, Suzana Machado, Samyra Marques

Referências Bibliográficas: 
____________. Dossiês de tombamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos de 1998 a 2020


____________. 150 anos da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Folha da Manhã. Passos (MG), 2014. 
 

____________. 150 anos de Passos. Folha da Manhã e Fesp. Passos (MG), 2008. 
 

____________. A História das Ferrovias no Brasil. Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível no https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/ferrovias/historico 

Castro, Wagner. Ensaio para uma Pintura Espírita. Belo Horizonte (MG), 2011.  
 

Noronha, Washington. A História de Passos. Passos (MG), 1969. 
 

Vianney, Keuly. Câmara Municipal de Passos - 170 anos (1850-2020). Passos (MG), 2020. Edição online disponível em https://www.camarapassos.mg.gov.br/camara%20passos%203o%20relatorio.pdf

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