BEM TOMBADO

Parque Municipal Doutor Emílio Piantino
Ano de inauguração: 1990
Ano de tombamento: 2007
Bioma: Mata Atlântica e Cerrado
Área: 62.598,33 m²

Descrição do bem tombado
O Parque Municipal Doutor Emílio Piantino situa-se no perímetro urbano do bairro Eldorado, zona oeste de Passos, sendo considerada a única reserva ambiental da cidade. A propriedade mantém um bosque de Mata Atlântica, mas o Cerrado revela-se com sua vegetação mais típica, com grande biodiversidade de flora, motivo pelo qual houve o tombamento do bioma.
Na área do parque, são catalogadas 29 espécies de arbóreas, incluindo ingás, ipê amarelo, cedro, jacarandás, e 14 espécies de arbustos, como alecrim, assa-peixe e quaresmeira.

Panorâmica do Parque Emílio Piantino no Google Maps 2024 / Reprodução
Lagoa do parque, que é uma das áreas preservadas dentro do bioma

A fauna possui pequenos animais, como preá, irara e lagartos, além de várias espécies de aves, ainda não pesquisadas. De natureza densa e pouco explorada, predomina o clima tropical de altitude, com verões muito quentes.
Uma das nascentes do parque deságua no famoso Rio Grande, um dos mais importantes do Brasil. A nascente forma uma lagoa originária do Córrego do Sabão, a qual é ligada diretamente ao Córrego São Francisco que, por sua vez, é afluente do Ribeirão Bocaina. Dali, percorre um trecho de, aproximadamente, 13 km até chegar ao Rio Grande, onde foi construída a Hidrelétrica de Furnas entre as décadas de 1950 e 1960.
Ainda não existe infraestrutura de implantação do parque como área de lazer e, por isso, o local encontra-se sem acesso público. Mas vale a visita para se observar de fora e contemplar o bem natural que se encontra em mata nativa, a qual é cercada em sua totalidade.
A Secretaria de Obras e Urbanização da Prefeitura de Passos já desenvolveu um projeto urbanístico para o parque, propondo a construção de passeios internos, instalação de bancos, lixeiras e iluminação pública, mas ainda não ocorreu sua implantação.


Vista lateral do parque com a cidade ao fundo; no detalhe, parquinho instalado na área externa
Importância
Uma vez que o parque ainda mantém a biodiversidade de origem das primeiras implantações humanas na região e participa da história do município, torna-se relevante sua preservação para uso ambiental, social e cultural, principalmente num momento das crises ambientais, causadoras dos chamados eventos climáticos extremos.
Nas imediações do parque, há bairros residenciais e, por isso, existe uma preocupação em relação à proteção prévia no seu entorno. Essa é a garantia de que sua existência e condições ambientais sejam preservadas para as gerações atuais e futuras.



Parte externa do parque está cercada, mas ainda não possui infraestrutura interna para lazer público
Diversas árvores nativas compõem o bioma do parque municipal
Área lateral do parque com os muros de delimitação

História
A história do parque se confunde com o início do povoamento de Passos. Em tempos remotos, a área integrava a antiga Fazenda Bonsucesso — considerada historicamente a primeira da região —, propriedade de paulistas provenientes da Freguesia do Facão, atual cidade de Cunha (SP).
Posteriormente subdividida, o patrimônio inicial da Bonsucesso originou diversas fazendas com denominações próprias, mas sempre guardando sua referência de origem. Uma dessas ramificações foi a fazenda ao pé do morro São Francisco. Seus remanescentes ainda podem ser vistos no entorno da área do parque.
Entre as décadas de 1930 e 1950, a administração municipal se envolveu com o problema do abastecimento de água potável da cidade. Canalizar o Córrego do Sabão, que cortava a maior parte da área no sentido norte/sul, foi uma das alternativas. Em outros tempos, também marcou a divisão entre a Fazenda Bonsucesso, dos paulistas, e a Fazenda Bocaina, dos mineiros.

Área verde do parque foi incorporada ao patrimônio público somente em 1990
Somente em 1990 foi incorporada como área verde ao patrimônio público, sendo especificada para a criação do parque, devido ao loteamento de parte da Fazenda Dahas Farah. O objetivo era transformá-lo em zona de proteção ambiental. Esse era um acordo da administração com o Instituto Estadual de Florestas (IEF) como compensação pelo corte de figueiras durante reforma da Praça Geraldo da Silva Maia.
Sua efetivação como Parque Municipal ocorreu em 1998, com a lei nº 2.111, a qual destinava a área de proteção ambiental para resguardar a natureza local e preservar sua flora, fauna, mananciais hídricos e beleza cênica. O uso do local deveria ser preferencialmente para objetivos científicos, culturais e educacionais. Houve uma tentativa de tombo em 2002, mas o tombamento definitivo ocorreu somente em 2007, sob o Decreto Municipal nº 247.
O parque ganhou esse nome numa homenagem ao médico passense Emílio Piantino (1922-1989). Filho de imigrantes italianos estabelecidos em Passos, ele formou-se médico em 1947 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte.
Especializou-se em cirurgia geral no Rio de Janeiro e iniciou em 1948 seu trabalho na Santa Casa de Misericórdia de Passos, onde foi diretor clínico e provedor em duas gestões: 1957/1966 e 1969/1970. Também dirigiu o Posto de Saúde da cidade. Casou-se com Neyde de Oliveira Piantino, com quem teve oito filhos.
Intervenções
O Parque Municipal Doutor Emílio Piantino nunca recebeu qualquer tipo de intervenção humana, mantendo sua densa natureza do Cerrado. Atualmente, é cercado para evitar a entrada de pessoas e degradação ambiental.

Um dos portões de acesso ao parque, que ainda não funciona ao público

Funcionamento
Endereço: esquina das Ruas Nova York e Nebrasca – Bairro Jardim Eldorado
Acesso: gratuito, somente à área externa do parque


O Mapa Virtual dos Bens Tombados de Passos é uma produção do site Noticiar.net, publicado em outubro de 2024 e realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico de Passos.
Ficha técnica:
Produção, pesquisa documental, redação e edição: Keuly Vianney
Fotos: Aluísio de Souza e Keuly Vianney
Revisão: José dos Reis Santos
Webdesigner: Mariana de Lima Cruz
Agradecimentos: Marcos Roberto da Silva Costa, Afonsinho Simosono, Ivan Vasconcellos, Maurício Ponsancini, Roseymar Zaroni, Suzana Machado, Samyra Marques
Referências Bibliográficas:
____________. Dossiês de tombamento do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Passos de 1998 a 2020.
____________. 150 anos da Santa Casa de Misericórdia de Passos. Folha da Manhã. Passos (MG), 2014.
____________. 150 anos de Passos. Folha da Manhã e Fesp. Passos (MG), 2008.
____________. A História das Ferrovias no Brasil. Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível no https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/ferrovias/historico.
Castro, Wagner. Ensaio para uma Pintura Espírita. Belo Horizonte (MG), 2011.
Noronha, Washington. A História de Passos. Passos (MG), 1969.
Vianney, Keuly. Câmara Municipal de Passos - 170 anos (1850-2020). Passos (MG), 2020. Edição online disponível em https://www.camarapassos.mg.gov.br/camara%20passos%203o%20relatorio.pdf